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A etapa de execução de obras consiste na materialização de um projeto de construção elaborado pela equipe de arquitetura e engenharia. É um processo de altíssima complexidade, que envolve altos investimentos financeiros, ampla mobilização de recursos humanos e materiais e riscos de diversas naturezas.

Quando a construção começa, logo surgem os desafios típicos de quem faz o gerenciamento de obras: a coordenação das equipes nas diversas frentes de trabalho, o controle do uso racional de materiais e equipamentos, a manutenção de um canteiro seguro, entre outras grandes responsabilidades.

Por isso, é indispensável dedicar esforços a um acompanhamento de obras sistemático ao longo de toda a execução. É ele que vai garantir o alinhamento diário dos times a partir do monitoramento contínuo das atividades. Com isso, é possível identificar e corrigir problemas antes que se acumulem e impactem o cronograma de execução de obra e o orçamento do empreendimento.

E como garantir um bom trabalho de acompanhamento? A resposta está na etapa anterior, de planejamento de obras.

É nesta fase que se determinam, por exemplo, o sequenciamento de atividades, o momento em que elas serão realizadas e sua duração, os critérios de aceitação dos serviços, o calendário de entrega de materiais, entre muitas outras tarefas das equipes de gestão. Junto dessas informações, há ainda uma camada financeira, que permite antever os pagamentos e o fluxo de caixa ao longo do processo de construção.

Neste artigo, apresentaremos os aspectos mais importantes a serem considerados na execução de obras, além de ferramentas úteis na realização deste trabalho. Assim, o risco de surpresas e imprevistos reduz drasticamente e a gestão se torna muito mais eficiente.

Vamos começar com os conceitos básicos, trazendo duas definições muito importantes.

Qual a diferença entre acompanhamento e execução de obras?

Acompanhamento e execução de obras são dois aspectos interligados, mas distintos, no processo de construção.

A execução de obras diz respeito à realização física das tarefas definidas no planejamento. É nesta etapa que as equipes de campo materializam o projeto executivo, seguindo os planos e especificações técnicas da arquitetura, da engenharia estrutural, da engenharia hidráulica etc.

A execução abrange desde a mobilização do canteiro até a limpeza final, exigindo habilidades técnicas, gestão de recursos e cumprimento de cronogramas. O foco principal da execução é transformar o planejado em realidade, garantindo que cada etapa da construção seja concluída conforme o projeto.

Por outro lado, o acompanhamento de obras é o processo contínuo de monitoramento e avaliação das atividades de execução. Envolve a observação detalhada do progresso da obra, sua comparação com o planejamento e a identificação de desvios.

O acompanhamento permite ajustes em tempo real, assegurando que as atividades no canteiro estejam alinhadas com o cronograma de execução de obra, o orçamento e os padrões de qualidade. Essa função é crítica para identificar problemas precocemente, facilitar decisões informadas e garantir que a execução prossiga de maneira eficiente.

Resumindo: execução de obras é a ação de construir; acompanhamento de obras é a supervisão e a análise da execução.

Quais as etapas de execução de obras?

Cada projeto tem suas particularidades quanto aos sistemas e processos construtivos utilizados e ao sequenciamento de atividades planejado. No entanto, algumas das etapas mais frequentemente encontradas nas obras são as seguintes:

  • Mobilização do canteiro e instalações provisórias: preparação inicial do local da obra, incluindo a instalação de escritórios temporários, tapumes, placas do empreendimento e áreas de trabalho.
  • Demolição: remoção de estruturas existentes no local para dar lugar à nova construção.
  • Escavações e terraplenagem: remoção e movimentação de solo para moldar o terreno conforme as especificações do projeto.
  • Contenções: construção de sistemas de suporte e estabilização das escavações, realizada concomitantemente à remoção do solo.
  • Estrutura e fundações: construção dos sistemas de sustentação das cargas do edifício e de sua transferência para as camadas mais resistentes do terreno.
  • Vedações verticais internas e externas: construção de paredes e divisórias que delimitam e protegem os espaços internos e externos.
  • Impermeabilização: aplicação de materiais para garantir a estanqueidade das estruturas e vedações.
  • Revestimento de fachadas: aplicação de materiais para acabamento e proteção das vedações externas.
  • Portas e janelas: instalação de esquadrias que fecham os vãos nas paredes internas e externas.
  • Instalações elétricas: implementação dos sistemas elétricos necessários para o funcionamento do edifício.
  • Instalações hidráulicas: instalação de sistemas de abastecimento de água e esgoto.
  • Instalações complementares: implementação de sistemas adicionais necessários à operação do edifício, como circuitos internos de segurança, sistemas de acesso, ar-condicionado etc.
  • Elevadores e escadas rolantes: instalação de sistemas de transporte vertical, essenciais em edifícios altos.
  • Forros e revestimentos internos: acabamento de tetos e paredes internas para acabamento e conforto acústico.
  • Comunicação visual: implementação de sinalização para orientação dentro do edifício.
  • Limpeza: etapa final de preparação do edifício para ocupação ou entrega.

Como acompanhar a execução de obras?

Como já vimos, um acompanhamento de obras eficiente deriva de um planejamento detalhado e realista, que harmoniza prazos, custos, atividades e mobilização de recursos físicos e humanos.

Na condição de líder do canteiro de obras, o engenheiro de obras (ou engenheiro residente) utiliza diversas ferramentas e técnicas de gestão para garantir que as atividades do dia a dia tenham o máximo de aderência ao plano de construção elaborado pela construtora. Veja algumas delas.

Medição de obra

É quase impossível controlar o que não é medido, certo? O monitoramento regular do avanço físico evita que a construtora seja surpreendida com atrasos imprevistos e sofra com estouros orçamentários.

Por isso, a medição de obra é uma atividade tão importante para o sucesso do projeto. Aqui, o profissional deve garantir que as aferições seguirão critérios técnicos claros e as rotinas pré-estabelecidas serão obedecidas à risca.

Vale lembrar que o relatório de medição é uma prática exigida pelas instituições financeiras para liberar as parcelas do financiamento da obra. Muitos bancos, inclusive, têm seus próprios modelos de Planilha de Levantamento de Serviços (PLS), como a PLS da Caixa, que podem ajudar na padronização deste processo em sua empresa.

Fluxo contínuo

Uma vez que a engenharia estabelece como e com que frequência a medição de obra será feita, ela consegue monitorar o ritmo de construção com mais precisão. Essa gestão é fundamental para dar visibilidade aos desvios e permitir a adoção de medidas corretivas rápidas, a fim de manter um fluxo contínuo na obra. Uma ferramenta muito usada nesse acompanhamento são as linhas de balanço, ideal para a gestão de serviços com padrões de repetição.

Imagine, por exemplo, uma obra cujo ciclo de execução de emboço seja de um pavimento por semana. Na segunda-feira, o projetor de argamassa – equipamento essencial para dar velocidade ao serviço – apresenta falhas e para de funcionar. O fornecedor só conseguirá providenciar sua substituição em dois dias. Diante do problema, a gestão revê a distribuição das equipes a fim de reforçar temporariamente a frente de serviço prejudicada. O emboço, então, passa a ser aplicado manualmente por mais trabalhadores no mesmo ritmo, evitando maiores impactos no cronograma de execução de obra. Sem atrasos acumulados, fica mais fácil atender aos marcos de longo prazo do projeto.

Gestão de restrições

Restrições são basicamente quaisquer fatores que podem retardar ou impedir o progresso de uma obra, como limitações de recursos, atrasos na entrega de materiais, problemas de mão de obra ocorrências meteorológicas ou desafios técnicos específicos. A identificação e a gestão dessas restrições no planejamento de médio prazo (lookahead planning) são vitais para assegurar que a obra avance conforme o planejado e dentro do orçamento estipulado.

Um instrumento comum usado pelas equipes de engenharia é o kanban de gestão de restrições. Esta ferramenta consiste em um quadro – físico ou digital – em que os gestores de projeto listam todas as restrições identificadas em cartões. Cada cartão traz informações sobre o tipo de restrição (por exemplo, prazo, custo, qualidade ou segurança), as ações necessárias para resolvê-la e quem são os responsáveis. Esses cartões são distribuídos em colunas – A fazer, Fazendo, Concluídos, entre outras – que permitem definir  prioridades e acompanhar rapidamente o status da resolução de cada restrição.

Este registro facilita a comunicação clara entre todas as partes envolvidas no projeto e ajuda a garantir que as restrições sejam abordadas de forma eficiente, minimizando atrasos e mantendo o projeto no caminho certo.

Gestão de estoque

O controle de estoque na construção civil é outro conceito que todo bom gestor deve dominar no acompanhamento de obras. Vale lembrar que, na filosofia Lean Construction, estoques são recursos parados e, portanto, considerados desperdícios indesejados no processo de construção.

Para evitá-los, a gestão de obras deve estar atenta a dois pontos importantes. De um lado, manter um estoque mínimo de cada item para que, mesmo em situações imprevistas, haja material suficiente para não interromper as atividades. De outro, alinhar-se aos fornecedores para aplicar com eficiência a estratégia Just In Time, em que os materiais são entregues apenas quando necessários, reduzindo a necessidade de armazenamento extensivo e minimizando a imobilização de capital.

Aqui, é indispensável monitorar a Curva ABC, que hierarquiza os materiais de acordo com seu peso financeiro no orçamento. A atenção do gestor deve estar voltada sobretudo aos itens do grupo A, de mais alto valor.

Cronograma diário e relatório de obra

Usados em conjunto, o cronograma diário e o relatório diário de obra (RDO) são ferramentas muito úteis no gerenciamento das atividades de curto prazo. 

O cronograma diário – derivado da programação semanal ou quinzenal da obra – oferece uma visão detalhada das tarefas a executar em um dia específico, permitindo que os gestores e as equipes de trabalho se organizem e tenham mais foco na jornada de trabalho. Ele ajuda a identificar atividades prioritárias e a definir os recursos necessários para sua execução.

Já o relatório diário de obra é um registro detalhado das atividades diárias no canteiro. Este documento inclui informações como o progresso das tarefas, condições climáticas, efetivo de mão de obra presente, relatórios fotográficos e a descrição de incidentes relevantes.

Acompanhamento físico-financeiro

Tão importante quanto monitorar o avanço físico da obra é saber como ele se relaciona com o desembolso financeiro planejado para aquela etapa do projeto. Por isso, junto com a medição de obra, é fundamental registrar com detalhes os pagamentos feitos aos fornecedores de materiais e equipamentos e aos prestadores de serviços.

Ao consolidar essas informações em um único cronograma físico-financeiro, o gestor poderá extrair dados para fazer análises mais profundas do desempenho da obra, empregando métodos como o Gerenciamento de Valor Agregado (EVM).

Controle da qualidade

O controle da qualidade de materiais e serviços tem impacto direto sobre a segurança, a durabilidade e o sucesso financeiro de uma obra. Trata-se de uma prática que garante a conformidade com as especificações do projeto e com as normas técnicas vigentes e ajuda a prevenir manifestações patológicas, atrasos e custos adicionais indesejados.

Para isso, as fichas de verificação de serviço (FVS) e de materiais (FVM) servem como checklists detalhados para inspeção e registro da qualidade dos materiais recebidos e dos serviços executados. Elas permitem a identificação e correção de problemas de qualidade em tempo hábil, evitando a progressão de trabalhos sobre uma base inadequada, o que poderia acarretar em retrabalho e aumento de custos.

Dashboards e indicadores de performance

A gestão moderna de projetos de construção não pode dispensar o acompanhamento da performance da execução de uma obra com gráficos e indicadores atualizados em tempo real.

Essas ferramentas visuais oferecem uma visão clara e instantânea do andamento do projeto, permitindo aos gestores identificar rapidamente áreas que necessitam de atenção. 

Entre os indicadores mais importantes para a tomada de decisões baseadas em dados, podemos destacar:

  • Curva S: Trata-se de um gráfico que mostra a evolução do trabalho ao longo do tempo. Essa curva permite aos membros da equipe uma visão clara do progresso da construção, facilitando a comparação entre o que foi planejado e o que foi efetivamente realizado, além de permitir a detecção antecipada de quaisquer desvios.
  • Índice de Desempenho de Prazo (IDP): Este índice avalia quão eficientemente o tempo está sendo utilizado no projeto. Um IDP de 1 significa que o projeto está alinhado com o cronograma de execução de obraestabelecido. Um valor abaixo de 1 indica atrasos, enquanto um valor acima de 1 sugere que o projeto está adiantado em relação ao planejado.
  • Índice de Desempenho de Custo (IDC): Este índice, análogo ao IDP, analisa a eficácia na gestão dos custos do projeto. Um IDC de 1 indica que os custos estão alinhados com o orçamento previsto. Um índice abaixo de 1 mostra que a obra está mais cara que o orçamento, enquanto; valores acima de 1 revelam uma obra mais barata que o orçado.
  • Percentual de Planos Concluídos (PPC): Esta métrica reflete a proporção de tarefas finalizadas em comparação ao total planejado para um período específico. É uma ferramenta útil para mensurar a eficácia da execução em curto prazo e identificar potenciais gargalos no processo.
  • Índice de Remoção das Restrições (IRR): Este indicador avalia quão efetivamente as restrições identificadas estão sendo gerenciadas em um projeto. Um alto IRR indica uma gestão eficiente das restrições, contribuindo para minimizar impactos negativos no progresso da obra.

Reprogramação e replanejamento

Sabemos que a realidade nunca sai como o planejado. É comum haver alterações nos projetos durante a construção, imprevistos climáticos, quebra de máquinas e equipamentos, problemas de abastecimento de materiais e ocorrências de outras naturezas na obra. 

As equipes de engenharia devem estar preparadas para avaliar esses cenários e, quando necessário, reprogramar as atividades de curto prazo, dentro do ciclo semanal planejado, ou um replanejamento mais abrangente, quando os atrasos afetam tarefas críticas e afetam o cronograma em médio e longo prazos.

Retroalimentação

Talvez você tenha reparado que até agora falamos de três das quatro etapas do Ciclo PDCA (Plan-Do-Check-Act): o planejamento da obra (Plan), a execução da obra (Do) e o acompanhamento da obra (Check). 

A última etapa (Act) é a revisão dos processos, sua discussão entre as equipes de execução e de planejamento e, por fim, a adoção de medidas de ajuste para os projetos seguintes. É o que se chama de melhoria contínua, um dos pilares do Lean Construcion.

Quem é o responsável pela execução de obras?

Quem já passou em frente a um canteiro já deve ter visto uma placa com informações sobre a obra, a construtora, contatos e o nome do profissional responsável junto com seu registro profissional.

No Brasil, duas categorias profissionais estão qualificadas para liderar a execução de obras: engenheiros civis e arquitetos. Para isso, precisam registrar os trabalhos em seus respectivos conselhos profissionais:

Conclusão

Como vimos, a execução de obras é uma sequência de atividades de alta complexidade, que demandam um planejamento meticuloso que servirá de referência para as etapas subsequentes.

Nesse contexto, as ferramentas digitais são aliadas das equipes de gestão para garantir a aderência do processo construtivo no canteiro aos planos elaborados na sede da construtora. Plataformas como Prevision, Sienge e Construpoint abrangem os principais processos de planejamento (e replanejamento) do projeto, registro e monitoramento dos indicadores financeiros e o controle da qualidade de materiais e serviços na obra.

Por serem totalmente integradas, elas facilitam a comunicação eficaz e transparente entre as equipes, especialmente importante em projetos de grande porte, com dezenas e até centenas de fornecedores e prestadores de serviços terceirizados.

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