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Por Felipe DonedaDiretor Executivo na Tático Soluções

O acesso ao conhecimento está cada vez mais facilitado. Recentemente, saímos de um problema de escassez de informações para um cenário de excesso de informações. Com isso, não temos mais dificuldades em encontrar dados. Agora, o desafio é assimilar e pôr em prática essa tonelada de ideias e conceitos que está ao nosso alcance, especialmente na internet.

Tendo isso em mente, o PMBOK (Project Management Body of Knowledge) é uma caixa de ferramentas criada para indicar as melhores práticas e caminhos em um setor cada vez mais necessário: o de Gestão de Projetos.

Assim como qualquer outra caixa de ferramentas, antes de sair utilizando, é preciso conhecer um pouco do conteúdo interno. Por isso, neste artigo, vamos analisar o conceito do PMBOK e como essa metodologia foi estruturada.

O que é o PMBOK?

O PMBOK (Project Management Body of Knowledge) é um guia mundialmente reconhecido e utilizado no gerenciamento de projetos. Ele é desenvolvido pelo Project Management Institute (PMI), uma organização sem fins lucrativos que reúne profissionais da área de projetos de todo o mundo para promover a disseminação de boas práticas, padrões e certificações.

O PMBOK oferece um conjunto de conhecimentos e diretrizes de gerenciamento de projetos. Nele, é possível encontrar conteúdos como: conceitos fundamentais, glossário de termos e expressões, ferramentas e técnicas de gestão, boas práticas, padrões éticos e profissionais e muito mais.

O material é revisado periodicamente e, hoje em dia, encontra-se na 7ª edição. Ele pode ser adquirido em livrarias físicas e online ou também no próprio site do PMI.

O PMBOK está estruturado em 5 fases (ou grupos de processos) e em 8 domínios de desempenho. Essas divisões ajudam a organizar as informações contidas no guia.

Primeiro, vamos entender melhor os grupos de processos. Essa estrutura distribui os processos de gerenciamento de projetos em diferentes categorias, com base nas suas características e objetivos. Esses grupos são:

Fluxograma dos 5 grupos de processos do PMBOK: Iniciação, Planejamento, Execução, Monitoramento e Controle e Encerramento

Os 5 grupos de processos do PMBOK

  1. Iniciação: fase de definição e start do projeto. Para que um projeto seja concluído com sucesso, é fundamental que ele tenha um início correto. Nessa fase, é necessário mapear e entender todos os processos e dicas importantes para começar;
  2. Planejamento: Um bom voo começa no solo. Ou seja, não é possível sair das metas e definições iniciais direto para a execução, sem antes planejar o projeto, simular variáveis e conceber toda a estrutura de controle dos objetivos.
  3. Execução: De nada adianta planejar bem um projeto e executá-lo de qualquer forma. Portanto, são necessários processos e orientações para a fase de execução.
  4. Monitoramento e Controle: O planejamento é uma trilha, um caminho que direciona e orienta o desenvolver do projeto. Porém, não será linear e nem fixo. Como em toda trilha, se demoro para perceber o desvio, dificilmente será possível retornar ao caminho original. Agora, quando os desvios são identificados rapidamente, fica mais fácil retomar a direção original. Processos de Monitoramento e Controle têm essa função.
  5. Encerramento:  A definição de projeto pelo PMBOK é “esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo”. Uma vez definida a parcela de tempo, sabe-se que os projetos têm (e devem ter) um fim. Logo, são necessárias indicações para que essa conclusão ocorra da melhor maneira possível.

Os grupos de processo foram organizados em uma linha do tempo para que, em cada fase do projeto, as orientações sejam claras, objetivas e de fácil acesso.

A evolução do PMBOK

Na sua mais recente edição, em 2021, o PMBOK indicou, além dos 5 grupos de processo, os 12 princípios e 8 domínios de desempenho – antigas áreas de conhecimento.

Essas mudanças aconteceram em um momento em que o mundo está mais digital e em que os projetos estão mais focados na entrega de valor para o cliente e na adaptabilidade. Ou seja, para entregar o que o cliente necessita, até o PMBOK mudou.

Os 12 princípios da sétima edição do PMBOK são:

  1. Servidão; 
  2. Colaboração; 
  3. Empatia; 
  4. Foco no Valor; 
  5. Pensamento Sistêmico; 
  6. Liderança; 
  7. Adaptação (ponto de vista cliente); 
  8. Qualidade
  9. Complexidade; 
  10. Riscos; 
  11. Adaptabilidade (ponto de vista interno); 
  12. Resiliência e Mudanças.

Já as 10 áreas do conhecimento foram organizadas em 8 domínios:

  1. Partes Interessadas; 
  2. Equipe; 
  3. Ciclo de Vida; 
  4. Planejamento; 
  5. Incerteza e Ambiguidade; 
  6. Entrega; 
  7. Desempenho
  8. Trabalho no Projeto.

Essas mudanças, como já dito, visam proporcionar uma evolução ao guia PMBOK. No mundo antigo, a entrega de um projeto dentro do prazo e custo, com a qualidade necessária, configuraria um sucesso. Mas hoje em dia, com o mundo mudando cada vez mais rápido, é preciso ir além e, portanto, o PMBOK se adaptou às necessidades atuais.

PMBOK aplicado à construção civil

No mercado da construção civil, os projetos costumam seguir naturalmente a definição do PMBOK: há um início, meio e fim, sendo que, ao término do projeto, há a entrega de um produto final (um edifício, loteamento, condomínio, dentre outras possibilidades).

Os projetos de construção são complexos e abrangem diversos stakeholders (partes interessadas). Em razão disso, notoriamente temos projetos atrasados, com orçamento estourado e até abandonados. Logo, um guia com boas práticas só vem contribuir para esse cenário, não é mesmo?

Sabendo das tendências dos projetos da construção civil e da importância desse mercado, o Project Management Institute criou 4 novas áreas ou domínios centrados na construção civil. São elas:

  1. Segurança: com direcionamentos sobre os cuidados no canteiro de obras;
  2. Meio Ambiente: traz boas práticas e tendências da gestão de projetos com foco na preservação ambiental e na sustentabilidade;
  3. Controle Financeiro: aborda processos relacionados à gestão de custos;
  4. Pleito: trata sobre o gerenciamento de contratos com empresas responsáveis pela obra, especialmente no que diz respeito à alterações de escopo, prazos e custos do projeto.

Conclusão

Na época da Revolução Industrial, as fábricas necessitavam de uma grande adaptação: saíram de cena as ferramentas manuais para a entrada de máquinas complexas, que realizavam funções específicas. Nesse cenário de incerteza, somente os mais adaptáveis prosperaram.

Hoje em dia, temos projetos cada vez mais complexos e a inserção cada vez maior de tecnologia, com softwares focados em funções específicas. Nesse sentido, não é fácil perceber o paralelo com a Revolução Industrial?

O PMBOK está disponível justamente para ser um guia que ajuda os profissionais e as empresas a navegarem em projetos cada vez mais complexos e relevantes. Seu objetivo não é ser um “passo a passo”, mas sim servir de referência para a gestão, fornecendo princípios e práticas comprovadas.

Na construção civil, cada projeto é único e apresenta desafios específicos. Cabe aos profissionais a aplicação adequada das práticas do PMBOK de acordo com a natureza e com as circunstâncias específicas de cada situação.

Por Felipe Doneda
Diretor Executivo na Tático Soluções em Gestão de Empreendimentos