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O aumento da busca por uma construção sustentável tem surgido como uma resposta positiva aos alarmantes dados divulgados recentemente, que destacam o impacto negativo da Construção Civil ao meio ambiente ao longo dos tempos. 

Segundo a Saint-Gobain, o setor responde por 37% das emissões globais de CO2, contribuindo significativamente para as mudanças climáticas. Além disso, a geração de 40% dos resíduos sólidos e o consumo de 50% dos recursos naturais do planeta acentuam a urgência de adotar práticas mais responsáveis.

No Brasil, a situação não é menos preocupante. Em 2022, a Construção Civil produziu cerca de 120 milhões de toneladas de entulho, conforme dados da Abrecon. Mais alarmante ainda é o fato de que 70% desses resíduos são descartados de maneira inadequada, ampliando os impactos ambientais e sociais. 

Além disso, o setor também é um dos maiores consumidores de energia do mundo. De acordo com a Aliança Global para Edifícios e Construção, a indústria é responsável por 36% do consumo mundial. A transição para fontes de energia mais limpas e a adoção de tecnologias eficientes tornam-se fundamentais para reduzir esse impacto.

Como você pode ver, a sustentabilidade na Construção Civil não é apenas uma opção, mas uma necessidade. A implementação de práticas ambientalmente responsáveis não apenas reduzirá os impactos negativos do setor, mas também contribuirá para a preservação dos recursos naturais e a atenuação das mudanças climáticas.

Vamos falar mais sobre isso neste artigo. 

O que é construção sustentável?

A construção sustentável é um conjunto de ações para a proteção ou redução de impacto ambiental que podem ser implementadas em empreendimentos da Construção Civil. Esta abordagem envolve a escolha do terreno, o uso de materiais sustentáveis, a execução de atividades menos agressivas, entre outros.

Dentre os principais aspectos dessa metodologia, estão: 

  • Redução de desperdícios;
  • Busca de meios para aproveitar iluminação e ventilação naturais;
  • Boa gestão de resíduos, consciente nas questões de reciclagem e reaproveitamento sempre que possível;
  • Economia de recursos hídricos;
  • Racionalidade no uso de qualquer recurso natural;
  • Implementação de energia renovável;
  • Responsabilidade social e ambiental como um todo;
  • Conforto térmico e acústico para os trabalhadores e o entorno;
  • Menor emissão de gases poluentes;
  • Utilização de tecnologias inovadoras e sustentáveis.

Basicamente, podemos dizer que a sustentabilidade na Construção Civil tem como objetivo o desenvolvimento de edificações que possuam harmonia com o meio ambiente. É um conceito cada vez mais presente nos debates e reuniões do setor, e que proporciona significativas vantagens em diversos aspectos, tanto para o negócio em si quanto para a sociedade. 

Ao adotar práticas que respeitam o equilíbrio ambiental, a construção sustentável não apenas minimiza os impactos negativos, mas também se torna uma aliada fundamental na promoção de um futuro mais responsável.

Sustentabilidade na Construção Civil e ESG

Falando de sustentabilidade na Construção Civil, não podemos deixar de mencionar os princípios do ESG – Environmental, Social e Governance (Ambiental, Social e Governança, em português). A sigla representa um conjunto de padrões e boas práticas estabelecidos para avaliar se uma empresa atua de maneira socialmente consciente, sustentável e exerce a gestão adequada. 

Os três pilares do ESG funcionam como critérios essenciais para avaliar a sustentabilidade empresarial. Ao incluir esses elementos na análise de uma construtora, é possível ampliar a perspectiva de avaliação para considerar não apenas seu desempenho financeiro, mas também seu impacto nas questões ambientais, sociais e de governança.

Dessa forma, a incorporação dos princípios do ESG à estratégia e modelo de negócios das organizações ressalta a interconexão entre propósito e lucro, ajudando na construção sustentável. Esse enfoque valida a importância de uma empresa ter consciência sobre seu papel enquanto empregadora e agente social, reforçando a ideia de que a busca pelo lucro não deve ocorrer em detrimento do compromisso com o meio ambiente.

Benefícios da construção sustentável

A adoção de práticas sustentáveis na Construção Civil oferece muitos benefícios que abrangem aspectos ambientais, sociais e econômicos. Esses benefícios não se limitam apenas à sociedade em que estamos inseridos, como também às próprias construtoras, proporcionando vantagens significativas para o setor.

Benefícios ambientais

A construção sustentável reduz significativamente o impacto ambiental. A escolha de materiais ecoeficientes, a gestão eficaz de resíduos e o uso de tecnologias sustentáveis resultam em menor emissão de poluentes e consequentemente na preservação de recursos naturais. Além disso, a eficiência energética nas edificações contribui para um menor consumo de energia, reduzindo mudanças climáticas e promovendo um ambiente mais saudável.

Benefícios sociais

A construção sustentável também traz benefícios sociais tangíveis. O compromisso com práticas de segurança no trabalho, a promoção da diversidade e inclusão, e o envolvimento com as comunidades locais melhoram a imagem da construtora, fortalecendo sua relação com stakeholders e contribuindo para o desenvolvimento social sustentável.

Benefícios econômicos

A eficiência econômica é uma marca registrada da construção sustentável. A redução de desperdícios, o uso inteligente de recursos e a incorporação de tecnologias eficientes resultam em economias significativas. Além disso, a eficiência energética reduz os custos operacionais a longo prazo, tornando os empreendimentos mais atrativos financeiramente.

Benefícios para a construtora

Reduzir desperdícios e custos é um benefício direto para as construtoras engajadas na sustentabilidade. Além disso, a adoção de práticas sustentáveis cria uma vantagem competitiva ao alinhar os projetos às crescentes expectativas do consumidor. A conscientização ambiental cada vez mais estará no centro das decisões de compra, tornando os empreendimentos sustentáveis mais atrativos e valorizados no mercado.

O que torna uma construção sustentável?

Construção Sustentável que reúne pilares ESG, Meio Ambiente, Social e Governança

Uma construção é considerada sustentável quando incorpora práticas e tecnologias que minimizam seu impacto ambiental, promovem eficiência energética e buscam proporcionar ambientes saudáveis para seus ocupantes. Diversos aspectos contribuem para a classificação de uma construção como sustentável, sendo alguns deles:

1. Uso de materiais sustentáveis

No que diz respeito aos insumos para a obra, a sustentabilidade é alcançada por meio do uso de materiais reciclados ou provenientes de fontes renováveis. A preferência por materiais de baixo impacto ambiental e a escolha criteriosa, considerando o seu ciclo de vida, são fundamentais para essa abordagem. Como exemplos, podemos citar o concreto reciclado, lâmpadas de led, tijolos e isolamento ecológico, etc. 

2. Design ecoeficiente

O design ecoeficiente é uma peça-chave na construção sustentável, ao incorporar práticas que maximizam a eficiência do espaço e recursos disponíveis. Estratégias que aproveitam a iluminação e a ventilação naturais são priorizadas, reduzindo a dependência de recursos como iluminação artificial e sistemas de climatização.

3. Eficiência energética

A eficiência energética é outra característica marcante de construções sustentáveis. Isso envolve a adoção de sistemas e tecnologias que minimizam o consumo de energia, bem como a integração de fontes renováveis, como painéis solares e energia eólica. O isolamento térmico é empregado para otimizar o controle térmico do ambiente, contribuindo para a eficiência energética global.

4. Sistemas construtivos sustentáveis:

Construções sustentáveis também fazem uso de sistemas construtivos específicos, como o Wood Frame, por exemplo, que utiliza montantes e travessas em madeira com revestimento do mesmo material. Essa técnica busca não apenas reduzir o desperdício de materiais, como também acelerar o processo construtivo, promovendo eficiência e agilidade para cumprir os prazos. 

Um ótimo exemplo de aplicação deste método construtivo é o empreendimento Parkside Carvoeira, desenvolvido pela Parkside, uma proptech integrada de desenvolvimento e operação de moradias flexíveis. Por meio do sistema Wood Frame, a construção usou 80% menos água e emitiu 85% menos CO₂ ao longo da execução da obra.

Além deste, também têm sido muito utilizados os sistemas Steel Frame e Light Steel Frame, que utilizam estruturas em aço leve ou aço galvanizado, para construções mais sustentáveis.  

5. Certificações reconhecidas

Atualmente, existem diversas certificações que conferem reconhecimento internacional e nacional, atestando o compromisso da construção com padrões rigorosos de sustentabilidade em diversas dimensões. Alguns dos principais, são: 

  • LEED (Leadership in Energy and Environmental Design): certificação internacional que avalia o desempenho ambiental e sustentável de edificações.
  • WELL Building Standard: certificação focada no bem-estar dos ocupantes, abordando aspectos como qualidade do ar, iluminação, conforto térmico, entre outros.
  • Selo Casa Azul: certificação brasileira que reconhece empreendimentos que atendem aos critérios de sustentabilidade e eficiência.
  • Certificação AQUA (Alta Qualidade Ambiental): certificação brasileira que avalia o desempenho ambiental de edificações, considerando aspectos como gestão, conforto e eficiência.

A busca por essas certificações atesta o compromisso ambiental, social e econômico da construção e agrega valor ao empreendimento, atendendo às crescentes demandas por construções mais sustentáveis e responsáveis.

O empreendimento BIOOS, da Construtora Laguna, é um ótimo exemplo de sucesso já que rendeu o certificado LEED para a companhia devido à utilização de tecnologias e soluções inovadoras. Entre elas, estão: o uso eficiente da água, louças e metais de baixa vazão, reuso de águas cinza, e muito mais. O prédio também possui paisagismo com espécies nativas, um ótimo gerenciamento de resíduos além de painéis fotovoltaicos para fornecimento de energia para áreas comuns. 

Essas cinco características não apenas definem uma construção como sustentável, mas também conferem reconhecimento internacional e nacional por meio de certificações rigorosas.

Exemplos de projetos sustentáveis na construção

Recentemente, o Brasil se destacou com sete empreendimentos entre os 100 edifícios mais sustentáveis do mundo, em um concurso promovido pelo G20 que reúne as 20 maiores economias globais.

Esta iniciativa, conduzida pelo departamento de Eficiência Energética do Ministério de Energia da Índia, tem como objetivo reconhecer edifícios que incorporam práticas sustentáveis desde a fase de construção até a operação, honrando aqueles que contribuem diretamente ou indiretamente na luta contra as mudanças climáticas.

Para obter o selo de sustentabilidade, os prédios são avaliados em critérios que abrangem desde aspectos estruturais até o uso de materiais específicos. Há uma ênfase especial na rastreabilidade da cadeia produtiva, que permite acompanhar a quantidade de gases emitidos ao longo da edificação, facilitando assim a compensação de carbono.

Entre os projetos premiados no Brasil, o Hospital Erastinho, especializado no tratamento oncológico infantil em Curitiba, Paraná, destacou-se pela redução notável de 35,9% no consumo de água, além das elevadas taxas de renovação do ar, proporcionando um ambiente mais saudável.

A lista dos 7 empreendimentos brasileiros reconhecidos inclui:

  1. Hospital Erastinho em Curitiba, Paraná;
  2. Escola Adventista do Sul em Curitiba, Paraná; 
  3. IDEA Bagé by Capitânia em Petrópolis, Porto Alegre; 
  4. Camisas Polo em Salvador, Bahia; 
  5. Museu do Amanhã na capital carioca, Rio de Janeiro; 
  6. FM136 Home by Miguel Aflalo na capital paulista, São Paulo; 
  7. Centro Comunitário Camburi em Ubatuba, São Paulo. 

[incluir aqui a mesma imagem utilizada no Relatório de Tendências, onde temos as fotos dos 7 empreendimentos, uma ao lado da outra]

Esses são ótimos exemplos de projetos da Construção Civil brasileira, que representam não apenas inovação arquitetônica, mas também o compromisso do país com a construção sustentável e a preservação do meio ambiente.

Tecnologia e sustentabilidade na Construção Civil: qual a relação?

Os avanços tecnológicos têm desempenhado um papel fundamental para o desenvolvimento de construções mais sustentáveis. Proporcionam inovações que não só  otimizam os processos construtivos, mas também ajudam a cuidar do meio ambiente

O Building Information Modeling (BIM) é um ótimo exemplo disso. Ele reconfigura o design arquitetônico, permitindo a criação de modelos tridimensionais detalhados que melhoram a precisão e reduzem desperdícios de materiais. Além disso, sistemas avançados de automação residencial e predial impulsionam a eficiência energética, adaptando o consumo de energia às necessidades específicas.

O desenvolvimento de materiais inovadores impulsionado pela pesquisa tecnológica também resulta em opções sustentáveis, como concretos de baixo carbono e isolantes térmicos eficientes. A impressão 3D de componentes de construção oferece uma abordagem eficiente em termos de recursos, reduzindo o desperdício e agilizando os processos construtivos.

Sensores e dispositivos IoT são empregados para monitorar o desempenho ambiental de edifícios em tempo real, controlando a qualidade do ar, consumo de energia e gestão eficiente de resíduos. A integração de tecnologias para captação de energias renováveis, como painéis solares e turbinas eólicas urbanas, também é um fator que tem contribuído para a redução da dependência de fontes não renováveis.

Como você vê, a união entre tecnologia e sustentabilidade não apenas tem redefinido a maneira como as edificações são concebidas e construídas, mas também posiciona a Construção Civil como um agente proativo na mitigação dos impactos ambientais. 

Futuro sustentável na Construção Civil

A sustentabilidade na Construção Civil é um assunto que nunca esteve tão em alta. Seja para criar empreendimentos que conversem melhor com o meio ambiente ou para trazer ainda mais valor para a construtora, a aplicação de práticas sustentáveis é uma necessidade do momento para empresas comprometidas com a responsabilidade social. 

Desde o design ecoeficiente até a adoção de materiais inovadores, a indústria da construção está passando por uma transformação significativa, impulsionada pelos avanços tecnológicos. Essa mudança não apenas atende às crescentes demandas por construções mais ecológicas, mas também posiciona o setor como um agente ativo na luta contra as mudanças climáticas e na promoção de um ambiente construído mais sustentável.

Por este motivo, essa é uma das principais Tendências para a Construção Civil em 2024. Se você deseja saber quais são as outras pautas que irão nortear o cenário construtivo no país, baixe gratuitamente nosso E-book. 

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