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Por Felipe BatistaConsultor de Novos Negócios na Prevision

Em virtude do cenário atual de instabilidade no valor de materiais da construção civil, conseguir manter o ritmo na geração de lucros no setor está sendo algo cada vez mais desafiador. De acordo com estudos desenvolvidos na Escola Politécnica da USP, na construção as perdas de materiais chegam a 8% e as perdas financeiras, inclusive aquelas relativas a custos de retrabalhos, chegam a 30%.

Neste artigo será abordado como alguns desperdícios Lean podem ser contornados, trazendo uma grande economia para as empresas de construção.

Defeitos e correções

Defeitos e suas correções são uns dos grandes desperdícios das obras. A má vibração em uma concretagem de um pilar, por exemplo, pode resultar em “bicheiras” ou “brocas” quando o pilar for desenformado. Assim, será necessário um retrabalho para realizar um reparo da peça, consumindo tempo, mão de obra e material. 

Assim, tendo em vista os custos envolvidos, é de extrema importância que se preze pela qualidade da produção para garantir que o serviço seja executado apenas uma vez. Para isso, recomenda-se a criação de uma cultura da qualidade, onde o próprio executor da atividade inspeciona seu serviço. 

Além de possuir ferramentas e materiais que atendam aos requisitos das atividades executadas, é essencial que as equipes sejam engajadas e bem instruídas sobre o processo. 

Super processamento

O super processamento se encaixa como executar a mais do que é necessário em certa atividade. Um bom exemplo para ilustrar é o uso de equipamento superdimensionado para uma atividade que não o necessita.

Na filosofia Lean, é necessário entender o fluxo das atividades para manter o ritmo adequado (Takt Time) e garantir serviços com um fluxo contínuo e ininterrupto.

Essa análise de fluxo de atividades com o prazo adequado em cada pacote de serviço fica muito mais claro utilizando o método da Linha de Balanço, onde o planejamento fica mais visual com os devidos locais para entender os melhores planos de ataque com as respectivas atividades.

Estoque

Esse desperdício está associado à existência de alto volume de estoques, em função da programação inadequada na entrega e uso de materiais. Isso pode gerar perdas pelo não uso no momento e com o mau armazenamento. 

Por exemplo, uma saca de cimento, se armazenada de uma forma incorreta, pode endurecer, se tornando inviável para uso e gerando um desperdício.

A gestão de suprimento deve ser muito bem clara e deve integrar o planejado com o executado, seguindo uma ordem das classes de recursos no longo, médio e curto prazo, conforme o método Just In Time

No entanto, como Sergio Kemmer diz, ‘’não adianta ter Just In Time, se não estiver no time’’. Então, antes de aplicar o método Just in Time, é essencial que o planejamento e a gestão estejam alinhados, além de ter atenção para os lead times de cada suprimento e com o dos fornecedores. Para auxiliar nessa gestão de compras, o Kanban é uma ótima metodologia que pode ser ainda mais eficiente se estiver integrada ao cronograma.

Superprodução

Apesar de não parecer um desperdício, a superprodução é uma perda Lean uma vez que consiste em realizar serviços que não agregam valor para aquele momento específico. 

Por exemplo, em uma obra financiada pelo banco é acordado um cronograma inicial. Em certo mês, é planejada a execução da alvenaria, porém o serviço não pode ser concluído, pois o esforço da mão de obra estava dividido em outras frentes, produzindo em excesso para serem “consumidas” no futuro. 

Como consequência, o pagamento da execução da alvenaria não pode ser efetuado por não terem concluído a atividade. Ou seja, o serviço realizado não agregou valor para aquele momento.

Essa análise do quanto e quando fazer só é possível com a previsibilidade de um planejamento inicial. A criação de planejamento de longo, médio e curto prazo deixa claro quais são as atividades que agregam valor para aquele momento. Quando ocorrerem atrasos, é necessário um plano de ataque criando cenários para mitigar os impactos na entrega da obra.

Movimento de pessoas e transporte de materiais

A ideia central da filosofia Lean é otimizar ou eliminar atividades que não agregam valor para despender o máximo de tempo possível em atividades que agreguem. Movimentação desnecessária de pessoas e/ou máquinas são exemplos de atividades que não agregam valor e, portanto, devem ser eliminadas.

O deslocamento pode estar presente na busca por material ou ferramenta que não estão dispostos de forma ergonômica ou na movimentação manual de tijolos para dentro da obra. 

A maneira mais eficiente de encontrar esses desperdícios é indo ao gemba (chão de fábrica, ou, na construção, canteiro de obras) e analisar a movimentação da obra. Ao andar pelo pelo canteiro, torna-se mais fácil encontrar e otimizar as atividades que não agregam valor.

Um exemplo disso são os materiais que ficam longe do local onde serão consumidos. Isso deve ser analisado no início dos projetos de logística no canteiro de obras de forma a extinguir atividades desnecessárias e otimizar o tempo. Assim, é recomendado que os materiais estejam em paletes para transporte e que estejam o mais próximo possível de onde vai ser executada a atividade. 

Outra possibilidade para otimizar questões relacionadas a materiais é o uso de ferramentas que aceleram a produtividade, como, por exemplo, kits prontos de hidráulica.

Espera

O desperdício de espera ocorre quando uma atividade é interrompida, seja por material, ferramenta ou mau dimensionamento de equipe. Por consequência, esse tempo de espera implica em custos, como, por exemplo, mão de obra parada. 

A espera é indicador de um planejamento não eficiente, que não utiliza o Takt Time, integrado com a equipe de suprimentos desde o longo, para o médio ao curto prazo.

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