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Produção puxada e empurrada são dois conceitos muito importantes tanto na gestão industrial quanto na construção civil. A produção puxada é baseada na demanda — é ela que puxa a linha de produção. Já a produção empurrada é um sistema que primeiro gera um estoque para depois cumprir os prazos com a demanda.

Estes dois métodos são muito utilizados em diversas áreas da indústria e da construção, mas são completamente diferentes entre si, desde a sua criação. O sistema de produção empurrada é um método antigo, nascido no começo da Revolução Industrial, quando as empresas priorizavam a geração do estoque antes de iniciar as vendas.

Por outro lado, a produção puxada é proveniente do sistema Toyota de Produção, de onde vêm muitas técnicas da filosofia de Lean Production, que será aplicada posteriormente em Lean Construction. Com o intuito de reduzir desperdícios, essa estratégia produz somente aquilo que já está sob demanda, remetendo ao método Just-in-Time (JIT), que visa produzir sempre no tempo certo.

A compreensão desses conceitos é crucial para aqueles que desejam adotar práticas eficientes de gestão da produção e melhorar o desempenho operacional. Por isso, no artigo de hoje, exploraremos em detalhes as metodologias da produção puxada e empurrada, destacando suas diferenças, vantagens e desvantagens.

Qual a diferença entre produção puxada e empurrada?

A gestão da produção possui um papel fundamental no desempenho operacional das empresas. Dessa forma, dois conceitos-chave amplamente discutidos na área são a produção puxada e a produção empurrada. Embora ambos sejam métodos de gestão da cadeia de suprimentos e do fluxo de produção, suas abordagens e resultados são distintos.

A produção empurrada é uma abordagem que tem origem na Revolução Industrial, quando a produção em massa e estoques elevados eram práticas comuns. Nesse sistema, os produtos são fabricados antecipadamente com base em previsões de demanda ou metas de produção estabelecidas.

Assim, os produtos são então “empurrados” ao longo do processo de produção, independentemente da demanda real. Isso muitas vezes resulta em estoques excessivos, altos custos de armazenamento e problemas relacionados ao desperdício.

Por outro lado, produção puxada é um conceito que surgiu no sistema Toyota de Produção, desenvolvido pela Toyota Motor Corporation no Japão. Esse sistema revolucionou a indústria ao introduzir o método Just-in-Time (JIT), que visa produzir apenas o necessário, na quantidade certa e no momento exato em que é demandado.

Assim, na produção puxada, o processo de produção é acionado somente quando há uma necessidade real por parte do cliente. Isso significa que cada etapa do processo de produção é acionada pelo estágio anterior, garantindo um fluxo contínuo e sincronizado de materiais e produtos.

Vantagens e desafios da produção empurrada

No contexto da produção industrial e da construção civil, a produção empurrada é uma abordagem tradicionalmente adotada, caracterizada pela fabricação antecipada de produtos com base em previsões de demanda.

Embora esse sistema ofereça algumas vantagens, também apresenta alguns contras que podem ser decisivos. Vamos ver cada um dos pontos abaixo.

Vantagens da produção empurrada:

  • Planejamento mais fácil: A produção empurrada permite um planejamento antecipado com base em previsões de demanda e metas de produção estabelecidas. Isso facilita a programação das atividades de produção, o que pode ser vantajoso em setores com demanda relativamente estável e previsível.
  • Uso mais eficiente da capacidade: Ao produzir em grandes volumes antecipadamente, a produção empurrada pode aproveitar ao máximo a capacidade de produção disponível. Isso pode resultar em economias de escala e melhor aproveitamento dos recursos produtivos.
  • Menor risco de suprimentos insuficientes: Com a produção empurrada, há uma tendência de manter estoques maiores, o que reduz o risco de escassez de produtos em caso de flutuações imprevisíveis na demanda ou interrupções na cadeia de suprimentos.
  • Melhor coordenação da cadeia de suprimentos: A produção empurrada permite uma melhor coordenação entre os diferentes estágios da cadeia de suprimentos. Ao estabelecer previsões de demanda e metas de produção, as informações podem ser compartilhadas com os fornecedores, permitindo uma programação mais eficiente das entregas de matéria-prima e componentes.

Desafios da produção empurrada:

  • Estoque excessivo: A produção empurrada tende a resultar em altos níveis de estoque, o que pode aumentar os custos de armazenamento, obsolescência e riscos de deterioração. Além disso, o estoque excessivo pode ocultar problemas de qualidade e mascarar ineficiências no processo de produção.
  • Tempo de resposta mais lento: Com a produção empurrada, a resposta às mudanças na demanda pode ser mais lenta, pois os produtos já foram fabricados antecipadamente. Isso pode resultar em dificuldades para atender a variações imprevistas na demanda do mercado.
  • Desperdício de recursos: A produção empurrada pode levar a um maior desperdício de recursos, como materiais, mão de obra e energia, especialmente se a demanda real for menor do que as previsões iniciais.
  • Menor foco na qualidade: Ao produzir em grandes volumes antecipadamente, a produção empurrada pode diminuir o foco na qualidade, uma vez que os produtos são empurrados ao longo do processo sem uma verificação direta da demanda real. Isso pode levar a problemas de qualidade e insatisfação do cliente.

Vantagens e desafios da produção puxada

Como você viu anteriormente, a produção puxada é uma abordagem que busca produzir apenas o necessário, de acordo com a demanda. Essa metodologia oferece várias vantagens e benefícios, no entanto, assim como qualquer sistema, também apresenta desafios que devem ser levados em consideração.

Vantagens da produção puxada

  • Redução de estoques: Por produzir apenas o necessário com base na demanda, a produção puxada evita a acumulação excessiva de estoque, ou seja, menor espaço de armazenamento necessário e redução dos custos associados.
  • Melhoria do fluxo de trabalho: A produção puxada promove um fluxo de trabalho contínuo e suave, em que cada etapa do processo é acionada pela demanda do estágio anterior. Isso reduz os tempos de espera e gargalos, melhorando a eficiência e a velocidade da produção.
  • Menor desperdício: Ao produzir somente o necessário, a produção puxada reduz o desperdício de recursos, como materiais, mão de obra e tempo. Isso resulta em uma operação mais enxuta e eficiente, com menor impacto ambiental.
  • Melhoria da qualidade: Com a produção puxada, as etapas do processo só são acionadas após a finalização da etapa anterior. Isso permite uma maior atenção à qualidade e melhorias contínuas, garantindo que os produtos atendam aos padrões exigidos.
  • Maior controle do inventário: Com este método, é mais simples fazer a classificação, identificação e contabilização dos produtos que serão disponibilizados em estoque.

Desafios da produção puxada:

  • Risco de suprimentos insuficientes: A produção puxada depende de uma previsão precisa da demanda e uma cadeia de suprimentos ágil. Se houver uma imprecisão na previsão ou uma interrupção no fornecimento, pode haver escassez de produtos, prejudicando o cliente e a capacidade de atender ao mercado.
  • Maior dependência de comunicação e coordenação eficientes: A produção puxada requer uma comunicação e coordenação eficientes entre os diferentes estágios do processo produtivo. Se houver falhas nessa comunicação, pode haver atrasos e interrupções no fluxo de produção.
  • Necessidade de flexibilidade e capacidade de resposta: A produção puxada requer flexibilidade para se adaptar a mudanças e às necessidades dos clientes. Isso pode exigir ajustes rápidos na produção e na cadeia de suprimentos, o que pode ser um desafio para empresas com estruturas rígidas ou processos inflexíveis.
  • Menor eficiência em volumes de produção muito baixos: A produção puxada funciona melhor em situações em que a demanda é relativamente estável e previsível. Em volumes de produção muito baixos, pode ser mais difícil alcançar a eficiência máxima, pois os custos fixos podem representar uma parcela maior do custo total de produção.

A escolha entre produção puxada e empurrada dependerá dos requisitos do mercado, da capacidade de previsão da demanda, da eficiência operacional e da flexibilidade desejada.

Exemplos de produção puxada e empurrada

Um exemplo de produção puxada é o sistema Kanban, amplamente utilizado na indústria automotiva. Nesse sistema, as peças são produzidas somente quando há uma solicitação do estágio subsequente do processo de produção.

Por exemplo, se uma montadora de automóveis precisa de peças de um fornecedor, ela emite um cartão Kanban solicitando um determinado número de peças. Esse cartão é então enviado ao fornecedor, que produz apenas a quantidade necessária de peças solicitadas.

Agora, um exemplo clássico de produção empurrada é a fabricação em massa de produtos eletrônicos. Nesse caso, a produção é planejada antecipadamente com base em previsões de demanda e metas estabelecidas.

Na construção civil também podemos citar alguns exemplos destes dois meios de produção. As paredes pré-fabricadas são um exemplo de produção puxada, já que a fabricação dos materiais se dá inteiramente sob demanda.

Além disso, também podemos citar a gestão de médio prazo com Kanban, onde os materiais só são comprados no lead time correto a fim de evitar estoques excessivos.

Quanto à produção empurrada, podemos citar a construção especulativa, onde construtoras constroem edifícios sem terem os compradores ou inquilinos já garantidos. Nesse caso, a produção ocorre muito antes da confirmação da demanda real.

Produção puxada e Lean construction

Produção puxada e Lean Construction estão conectadas, compartilhando princípios e objetivos similares. A produção puxada visa atender à demanda real, evitando estoques excessivos, enquanto a Lean Construction busca eliminar desperdícios e melhorar a eficiência na construção.

A aplicação da produção puxada na Lean Construction reduz atrasos, estoques desnecessários e retrabalhos, melhorando a coordenação e o fluxo de trabalho. Ambas as abordagens trabalham para transformar a indústria da construção, tornando-a mais enxuta e centrada no valor entregue aos clientes.

É válido ressaltar também que a produção puxada faz com que a obra possa ser “orientada por processo”, e não “orientado por função” como mostram os modelos convencionais.

Assim, a pirâmide tradicional de gestão é invertida, fazendo com que todos os processos atuem de maneira integrada, orientando o processo de produção através de um fluxo puxado. Veja na imagem abaixo.

Pirâmide invertida

Dessa forma, para que seja implementada a produção puxada na construção civil e aplicá-la nos processos, é preciso utilizar os conceitos da Linha de Balanço. Isso envolve o equilíbrio dos pacotes de trabalho em um “Tempo Takt” previamente dimensionado, levando em consideração o volume de trabalho e o tempo disponível para sua conclusão.

Conclusão

Ao considerar qual sistema é o melhor para a sua empresa, analise as particularidades e necessidades específicas do seu negócio. Porém, é importante ressaltar que a produção puxada apresenta uma série de vantagens operacionais e financeiras significativas.

A produção puxada permite um fluxo de trabalho mais eficiente, reduzindo atrasos e desperdícios, além de promover uma maior coordenação entre os estágios da cadeia de suprimentos. Essa abordagem também ajuda a evitar estoques excessivos e otimiza a utilização dos recursos disponíveis.

Essa mudança pode resultar em melhorias significativas na eficiência, qualidade e satisfação do cliente. Analise todos os pontos junto à sua equipe de gestão.

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