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Por Giovanna PivetiRedatora na Prevision

Quais são as apostas para 2022? Esse foi tema do 14° Momento do Cliente, realizado no dia 26 de janeiro de 2022, com a participação de Roberto de Souza, CEO do CTE. Neste encontro, Roberto de Souza traz algumas considerações sobre as perspectivas tratadas no ebook “Tendências da Construção Civil 2022”, divulgado pelo CTE.

Roberto de Souza, CEO do CTE
Roberto de Souza, CEO do CTE

O Momento do Cliente é um evento destinado exclusivamente para os clientes Prevision, em que convidamos especialistas do mercado para debater temas de interesse ao setor da construção. Excepcionalmente para este evento, disponibilizamos o acesso à gravação. Confira neste artigo um resumo dos principais pontos levantados neste encontro.

Análise do cenário externo e do ambiente setorial

O cenário econômico brasileiro de 2022 começa muito diferente em relação ao ano anterior. Em 2021, com forte perspectiva de crescimento e baixa taxa de juros, tinha-se um acesso mais facilitado ao financiamento imobiliário. 

Já neste ano, numa visão geral da economia do Brasil, houve um aumento da taxa de juros e da inflação IPCA. No cenário setorial, a inflação da construção, o Índice Nacional da Construção Civil (INCC), foi ainda maior em comparação ao IPCA.

Somado a isso, o país passa por um alta taxa de desemprego, o que diminui o poder aquisitivo da população, impacta o consumo e traz riscos de distratos nos contratos cujas parcelas são reajustadas pelo INCC. 

Por outro lado, as perspectivas do setor da construção ainda são vistas como promissoras em decorrência do ciclo imobiliário iniciado em 2021 e da crescente demanda de obras de logísticas e industriais resultantes da pandemia.

Planejamento e Gestão

Diante do cenário apresentado acima, é imprescindível que as empresas busquem caminhos para performar melhor a fim de tornarem-se mais competitivas no mercado e, ao mesmo tempo, comportarem o crescimento no volume de obras. Neste sentido, deve-se atentar a três aspectos:

1. Gestão e Planejamento Lean

Trazer conceitos da filosofia Lean para o planejamento e gestão, tanto de obras quanto de projetos, é uma ótima opção para eliminar desperdícios, eliminar atividades que não agregam valor e reduzir custos. Empresas podem se apropriar da metodologia ágeis e Lean por meio da adoção de SCRUM e da linha de balanço, por exemplo. Já, em relação às atividades de controle, pode-se investir em tecnologias que assegurem o cumprimento de prazos e custos.

2. Controle da qualidade de projetos e Orçamento

Outro ponto de atenção é a importância de projetos de qualidade e de seu desdobramento para o orçamento. Isso porque, no panorama atual, construtoras vivenciam não só o aumento dos preços dos insumos, como também a sua escassez. Como forma de contornar as incertezas, as empresas podem buscar parcerias com os fornecedores através da criação de um orçamento ou compromisso de entregas compartilhado.

3. Robustez do sistema de gestão da qualidade e atendimento a norma de desempenho

O cenário externo não é o único fator que traz riscos. Há também o risco empresarial relacionado, entre outras coisas, com o tamanho da força de trabalho e a qualidade dos processos. Dessa maneira, as construtoras devem revisar seu instrumento de Sistema de Gestão da Qualidade garantindo que a gestão, a capacitação e o treinamento dos funcionários estão efetivamente agregando valor.

ESG e Sustentabilidade

Durante a pandemia, houve um fortalecimento do movimento ESG, sobretudo após o maior fundo de investimento do mundo Black Rock decretar que não investiria em organizações que não estivessem comprometidas com ESG, sigla do inglês para Governança Ambiental, Social e Organizacional. Felizmente, o mercado da construção reagiu de forma muito positiva, com diversas construtoras e incorporadoras aderindo.

A perspectiva para 2022 é que o movimento ESG continue forte. O pilar de sustentabilidade é bem difundido por meio de certificações, gestão de resíduos, gestão de água e eficiência energética. De fato, o Brasil é atualmente o 5° país no ranking mundial em quantidade de certificação LEED.  Já, no que tange a dimensão do impacto social e governança corporativa, vê-se um cenário de muitas debilidades e, portanto, de muitas oportunidades.

Inovação e Transformação Digital

Ao se tratar de inovação, é importante reforçar que construtoras busquem praticar primeiramente, a engenharia básica, garantido a qualidade, o planejamento físico e de custo eficiente, e o desempenho de acordo com as normas. Com estes quesitos bem estruturados, a empresa pode, então, dar início ao processo de inovação de forma gradual, a começar por um produto, processo ou modelo de negócio.

Vale salientar que inovação e transformação digital são ferramentas para gerar resultados. Portanto, antes de implementar uma mudança, deve-se traçar objetivos e observar se a inovação afetará nos resultados esperados. Para isso, o primeiro passo é o mapeamento das dores da construtora, seja em processos técnicos ou empresariais. 

Tendo o mapeamento, a empresa possui duas alternativas: criar a cultura de inovação interna conduzida por squads (pequenos grupos multidisciplinares), ou se aproximar do ecossistema de inovação através de startups que já possuem a solução pronta para os desafios mapeados.

Neste tema, dois pontos merecem destaque: a inovação deve fazer parte da agenda das empresas para que elas não fiquem de fora do mercado; e é essencial que se execute sempre o ciclo PDCA (Planejar, Fazer, Controlar e Agir).

A Transformação digital é uma vertente da inovação, em que através da tecnologia se altera a forma de operação do negócio e se modifica a experiência do cliente. Durante esses últimos anos, avanços em BIM e tecnologias digitais em canteiros de obras (o canteiro de obra inteligente) são exemplos de transformações digitais que se sobressaíram dentro do mercado brasileiro da construção.

Além dos tópicos acima, foi abordado também o tema de Industrialização e construção off-site. Para escutar as considerações acerca das perspectivas da industrialização na construção civil, clique aqui!

Não é modismo, é competitividade

De nada adianta aplicar as estratégias de inovação, industrialização, transformação digital, ESG, entre outras, por modismo. A decisão pela adoção dessas estratégias deve estar sucedida de uma análise externa, geral e do setor, para que a empresa consiga definir de antemão como ela deve atuar para se manter competitiva.

Roberto afirma ainda que se engana quem pensa que estas estratégias são passageiras. Pelo contrário, “são conceitos e ferramentas para aumentar a produtividade e competir no mercado”. Ou seja, investimento em planejamento, qualidade, sustentabilidade, industrialização, entre outros, deve ser visto como formas de aumentar a eficiência operacional, aumentar resultados e agregar valor para se posicionar mais forte no mercado. 

Por fim, fica a reflexão: diante da diminuição de margem de lucro ou de mercado, como sua empresa atua? Como busca aumentar a produtividade estagnada na construção? De que forma sustentabilidade, impacto social, governança são valores que agregam ao seu produto e ao posicionamento de sua empresa no mercado?