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As inovações trazidas pela transformação digital na construção civil ganham cada vez mais espaço no setor. Apesar dos inúmeros benefícios que trazem, muitas vezes não conseguem ser completamente absorvidas pelas empresas dos setor. Vale lembrar que até pouco tempo atrás, a construção civil era bastante analógica e tradicionalista em seus processos. No entanto, para acompanhar o ritmo  do mercado, é fundamental buscar uma rápida adaptação às novas metodologias e tecnologias

Buscando falar destas novas tendências e de todo o cenário da transformação digital na construção civil, a Prevision está reunindo especialistas e grandes nomes do setor para conversar e compartilhar sobre inovação, tecnologia, gestão e outros assuntos relevantes. O objetivo do Talk Visionário é inspirar você a entrar nessa jornada da transformação e mostrar que é possível, basta dar o primeiro passo.

O primeiro episódio da série traz as ideias de Roberto de Souza, fundador e CEO do CTE e idealizador do Enredes e RCD (Rede Construção Digital). Listamos os principais tópicos dessa conversa e os highlights compartilhados por ele. Confira!

Talk Visionário #1 destaca a Transformação digital na construção civil 

Veja o que o Roberto de Souza, da CTE e Enredes, falou sobre a transformação digital na construção civil no primeiro episódio do Talk Visionário da Prevision.

Prevision: O que é a ENREDES, qual foi a motivação para formar a RCD, qual o objetivo do grupo, quem participa dele e de onde vieram e para onde vão?

Roberto de Souza: O Enredes nasceu de uma percepção de que para fazer mudanças no setor era necessário conectar os agentes da cadeia produtiva. As empresas estavam iniciando e se esforçando em um processo de digitalização e inovação por conta própria, dentro do seu mundo, sem se abrir para o mercado. O propósito então foi conectar as pontas, afinal o cliente final é o mesmo para todo mundo.

Nós já fazíamos eventos que juntavam os principais líderes para discutir sobre inovação, digitalização, mudanças e tecnologias. Mas era apenas um momento. Queríamos dar continuidade a isso, para que se transformasse em uma troca permanente entre todos. Por isso formamos a rede.

“A Rede é um grupo de 36 empresas, sendo 14 incorporadoras e construtoras, 10 fabricantes de material, 5 projetistas e 8 fornecedores de tecnologia, sendo construtivas ou digitais. Todos grandes players do mercado, além de alguns convidados, que participam de alguns eventos apenas, como a Caixa Econômica Federal, e algumas startups, como a Prevision. Esse é o propósito do grupo. Trazer os principais atores do setor para juntos criarem esse movimento, de forma que se propague para todo mundo”.

Iniciamos o grupo em 2018, pesquisando e aprendendo sobre diversas tecnologias. Também fizemos missões internacionais para conhecer outros ecossistemas. Fomos para o Vale do Silício e para a China. Na sequência, a ideia foi manter uma sistema de inovação compartilhada, onde aprendemos sobre um determinado assunto, analisamos como ele pode se aplicar ao setor, testamos internamente com projetos dentro das empresas da rede, desenvolvemos novas soluções e depois abrimos os resultados para o mercado.

Com isso, já discutimos e visitamos tecnologias como IoT, Inteligência Artificial, Big Data, drones, realidades virtual e aumentada, BIM, impressão 3D, entre outras. Começamos explorando soluções de digitalização, mas percebemos que o avanço também deveria acontecer por meio da industrialização. Por isso, mais recentemente, começamos a estudar mais sobre soluções de industrialização como construção modular, pré-fabricados de concreto, woodframe, steelframe, entre outros.

Prevision: Diante das pesquisas da RCD, qual o cenário atual, o nível de desenvolvimento, das empresas no Brasil quanto à inovação?

Roberto: Vou dividir a resposta nas visões de digitalização e industrialização. Em termos de digitalização o que vemos é um avanço significativo do BIM, com certeza uma das tecnologias que mais avançaram nos últimos anos. Hoje 100% da rede opera em BIM, com os fabricantes integrantes da rede com bibliotecas próprias rodando plenamente. Além do BIM, vemos um desenvolvimento considerável dos aplicativos e softwares SaaS, como a Prevision e o Autodoc.

Além desses, percebemos um avanço relevante em outras tecnologias como o uso de drones, realidade virtual e realidade aumentada. E um início na adoção de Big Data e IoT. Enquanto isso, algumas tecnologias ainda são bastante iniciais e pouco desenvolvidas, como é o caso de blockchain, impressão 3D e da robótica. Isso ainda está mais distante. E isso não é só a realidade do Brasil. Fora daqui encontramos realidades muito parecidas.

Quanto a industrialização vemos tecnologias já consolidadas como o uso de paredes de concreto, largamente adotada em obras do Minha Casa, Minha Vida. Além disso, temos uma adoção maior do wood frame e um início da madeira engenheirada e do steel frame, que iniciou também no Minha Casa, Minha Vida e que agora está sendo adotada também nas fachadas dos empreendimentos nachrichten. Vemos uma consolidação da estrutura metálica em projetos corporativo. E por fim o aparecimento de construções modulares.

Algo importante de se observar é que a industrialização pode ser melhor percebida em projetos comerciais, hotelaria e industriais. Isso se deve ao modelo de negócio que esses empreendimentos seguem. São modelos onde a conclusão da obra impacta diretamente o retorno de investidores e empresas. Ou seja, quanto antes eu terminar, antes eu começo a faturar. Se quisermos, conseguimos construir empreendimentos habitacionais em 6 meses. Já temos exemplos no mercado. Mas o modelo de negócio não permite. O que manda nesses casos é a TIR. A tecnologia, seja industrial ou digital, é regida pela TIR. Isso que tem que ser analisado. E se não for interessante desse ponto de vista, as empresas não vão fazer essa transformação, vão continuar no método tradicional.

https://www.youtube.com/watch?v=Ehqtv6rptqU
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Prevision: Por onde que empresas do setor podem começar para entrar nesse processo? E quais experiências e conselhos pode dar para essas empresas e as que estão começando nesse processo de digitalização e industrialização, de abertura para novos modelos, novas ferramentas.

Roberto: Primeiro de tudo, tem que se atualizar e saber o que está acontecendo. Não pode ficar no seu casulo, dizendo que vai continuar fazendo o que fez nos últimos 20 anos porque isso não vai mais funcionar. O mundo está mudando e tem muita coisa acontecendo.

Não é preciso fazer uma disrupção total, mudando 100% o que se faz de uma hora para a outra. Pode começar com o que já se faz e racionalizar, começar com pequenas partes e desenhar uma evolução gradativa, com um objetivo de onde se quer chegar. Toda empresa tem desperdícios e está deixando dinheiro em cima da mesa. Então é preciso entender onde está esse vazamento. É em planejamento? Compras? Execução de obra? Financeiro? Isso é essencial para o processo.

Segundo, deve-se entender o que o seu modelo de negócio permite. Entender as limitações de financiamento, preferências do cliente final e métodos construtivos existentes para isso. Depois disso buscar o que existe no mercado hoje. Um verdadeiro banho de loja. Existe muita coisa no mercado hoje e é preciso conhecer essas soluções.

Depois de entender o modelo, saber quais melhorias são mais urgentes para o negócio e conhecer o que o mercado pode oferecer, é fazer o investimento e aplicar essas soluções. E é importante entender que isso é um investimento e que vai gerar um retorno depois, economizando, cortando custos. Isso é fazer engenharia. Entender o que é possível fazer na minha empresa ou no meu projeto para evitar desperdícios, esse diagnóstico é muito importante.

Além disso, e mais importante, para a transformação digital na construção civil acontecer de fato é preciso uma mudança de mindset. Sair do pensamento de que “eu faço assim há 30 anos e assim vai continuar sendo”. 

Pensou assim, vai ficar no caminho, ainda mais em épocas de crise. Então, a recomendação é simples: mude a cabeça, mude processos internos e da obra, olhe para fora e vá ao encontro disso. Se fizer 1% de mudança todos os dias na empresa, o resultado vai ser surpreendente. E mais do que isso, é importante transmitir isso para os colaboradores, criando uma cultura de inovação e mudança e melhoria constantes.

Highlights para guardar 

De tudo o que foi abordado na conversa, listamos aqui alguns dos principais tópicos para você guardar e se inspirar:

  • O investimento em tecnologia, seja digital ou industrial, é regido pela TIR. Por isso, as empresas devem entender qual o seu modelo de negócio, para entender o retorno que terão com a tecnologia e se isso fará sentido para o seu negócio;
  • A inovação não precisa ser uma disrupção total. As empresas precisam entender qual é o seu modelo, fazer um diagnóstico interno forte e conhecer o que o mercado oferece hoje como solução. E entender que é um investimento agora vai ter um retorno mais a frente;
  • A situação gerada pela atual pandemia vai acelerar a transformação digital em diversos setores, inclusive na Construção Civil. As empresas vão precisar mergulhar forte na digitalização para se manterem operando com eficiência. Além disso, a construção civil tem uma responsabilidade grande nesse momento e na recuperação da economia, com oportunidades claras para contribuir com a sociedade. Precisamos entender qual o nosso propósito e missão como setor nesse momento;
  • Para os líderes, diretores e gestores é importante que se tenha uma mudança de comportamento, mais aberto a mudanças, e isso deve ser propagado para o restante da equipe, criando um ambiente de inovação e de busca pelo melhor;
  • O ecossistema de inovação no Brasil avançou muito nos últimos anos e temos boas construtechs no país, mas temos muito a melhorar ainda. Ainda temos um ecossistema disperso, com boas iniciativas concentradas em poucos lugares e com agentes ainda desconectados entre si. Isso acaba fragilizando o ecossistema, as empresas e empreendedores;
  • Para os novos empreendedores a dica mais importante é: saiba qual o seu propósito, o porque você está fazendo isso. Além disso, encontre pessoas que partilhem da mesma motivação e que complementam as suas habilidades.

Esperamos que o conhecimento compartilhado neste material seja valioso para você. Assista aqui o vídeo completo! O Talk Visionário terá uma episódio por mês.

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