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Por muitos anos, a inovação na construção civil foi deixada de lado e o  setor acabou atrelado à falta de eficiência em seus processos. Porém, com a economia brasileira em baixa nos últimos anos, as construtoras e empreiteiras precisaram buscar meios para diminuir os reflexos negativos da baixa no mercado. 

O caminho foi a reinvenção dos métodos tradicionais da construção, partindo para processos mais enxutos, precisos e com menos falhas e desperdícios – de tempo, material e, por consequência, dinheiro. 

Entre as soluções, estão a implementação de novas metodologias e tecnologias que ajudaram e ainda seguem ajudando a transformar o setor. Esse movimento tem colocado alguns assuntos em debate, que podem ser considerados pilares da inovação na construção civil. Neste artigo falamos sobre eles. Acompanhe!

A construção civil no Brasil é inovadora?

O estudo “Transformação Digital: O Futuro da Construção Conectada” realizado pela IDC com empresas do mundo todo, revela que 72% das grandes companhias da construção civil têm a inovação como uma prioridade.  

O relatório, que avalia a maturidade e os desafios da transformação digital no setor, mostra que apesar de ter a inovação como uma prioridade, a maior parte das empresas ainda está em estágio inicial nesse processo. De acordo com os dados levantados:

  • 58% das empresas ainda está no estágio inicial de sua jornada para a inovação;
  • 28% das empresas estão no meio do processo de transformação;
  • 13% podem ser consideradas maduras.

O Brasil é o país com o menor nível de maturidade, comparado com os outros países avaliados. O estudo mostra que o país está atrasado quando o assunto é adoção de tecnologias como Big Data, Inteligência Artificial e modelagem 3D. 

Apesar desse cenário, o Brasil lidera o ranking quando o assunto é investimento em softwares baseados em BIM (Building Information Modeling). O BIM demorou para ser aceito e usado pelo mercado de construção brasileiro, mas hoje é adotado por 53% das empresas entrevistadas. 

Uma possível justificativa para esse dado é o aumento das parcerias entre empresas privadas e órgãos governamentais, que exigem o uso da ferramenta. Com o objetivo de promover a inovação no setor e tornar os processos públicos mais seguros, o Governo Federal publicou um decreto com diretrizes que orientam as empresas a implementarem o uso do BIM até 2021.  Dessa forma, o recurso se tornou uma grande tendência para os próximos anos. 

Os 3 pilares da inovação na construção civil

A inovação pode ser definida como a concepção e implementação de mudanças significativas no produto, processo, marketing, modelo de negócios ou organização empresarial, a fim de otimizar resultados. Com o investimento em inovação, as empresas esperam ter: 

  • Redução de custos;
  • Melhoria da experiência do cliente
  • O aumento de eficiência e produtividade.

Esses benefícios tornam o setor mais competitivo, ganhando agilidade para lidar com os desafios que pode enfrentar ao longo do caminho, como um período de recessão econômica, por exemplo. Empresas que não investem em tecnologia perdem espaço, por isso para quem quer crescer não há outra saída. É preciso investir em inovação. 

A construção civil vem adotando pequenas inovações incrementais, mas ainda é necessário fortalecer um movimento de modernização dos processos e o uso de tecnologias disruptivas na cadeia de produção. Consideramos a construção desse futuro inovador através de três vertentes de inovação: sustentabilidade, industrialização e digitalização.

Novas tecnologias na construção civil

Sustentabilidade

Mais de 40% das matérias-primas do planeta são usadas na construção civil e 30% da geração de resíduos é causado pelo setor. Esses dados mostram que há uma urgência em pensar e desenvolver soluções que minimizem os impactos da construção civil do meio ambiente.

A sustentabilidade é um conceito que estimula o mercado a adotar formas inovadoras de lidar com as empresas, empreendimentos, projetos, materiais, equipamentos e obras, trazendo resultado para os acionistas, colaboradores, meio ambiente, sociedade e gerações futuras.

Uma obra com previsibilidade e gestão eficiente possibilita a utilização otimizada dos recursos, com menos desperdício e menor custo.  A partir disso, é possível dimensionar os desperdícios que a obra pode ter e buscar soluções para minimizá-los. 

Diversas soluções de sustentabilidade podem ser inseridas no projeto desde o início, contemplando até o canteiro de obras. Um exemplo é a gestão de recursos hídricos, com o melhor uso da água, por meio de sistemas que podem ser implementados desde o começo e serem mantidos no empreendimento para os usuários finais. 

Industrialização da construção

A construção industrializada revoluciona os projetos e execução de obras, transformando o canteiro em linhas de montagem. Como sabemos, ainda predominam na construção brasileira os sistemas construtivos convencionais de baixa produtividade, prazos longos de construção e uso de mão de obra intensiva. 

Porém, a principal forma de transformar essa realidade de desperdícios, retrabalhos e falta de controles é a industrialização.

O Instituto Global McKinsey estima que o mundo precisará gastar US$ 57 trilhões em infraestrutura até 2030 para acompanhar o crescimento do PIB global. Cabe à indústria da construção identificar soluções para transformar a produtividade e a entrega de projetos por meio de novas tecnologias e práticas aprimoradas. 

A industrialização deve começar no projeto. Com o uso do BIM é possível criar diversos modelos em 3D do projeto que será construído. O modelo é criado a partir das especificações que foram definidas no planejamento e orçamento, com uma base de dados do projeto que vai somando outras informações no decorrer da obra. A solução é usada, entre outras formas, como suporte para todas as fases do projeto e da execução. 

Na execução da obra, uma das formas de tornar os processos industrializados é investindo em sistema modulares. Por meio de módulos pré-fabricados, a construtora consegue utilizar apenas o que for necessário na construção de determinada área do projeto. Isso impede que desperdícios sejam causados e aumenta a produtividade da mão de obra.

Os recursos pré-moldados são produzidos nas medidas e quantidades necessárias para a aplicação naquela obra. Dessa forma, são entregues personalizados, não é necessário fazer cortes ou novas medições, basta montar. O sistema modular tornar o processo mais ágil e otimizado. Assim, a construtora pode alocar a mão de obra de forma estratégica e, com menos profissionais, ainda assim atuar em mais projetos. 

A aplicação deste sistema de construção modular permitiu, por exemplo, a construção de um hospital em poucos dias na China. Módulo a módulo, o hospital foi montado a partir das peças que chegavam prontas das fábricas.

Digitalização

Mesmo representando 10% do PIB global, a construção civil ainda aparece como o segundo pior em termos de adoção de tecnologias digitais. Segundo a Boston Consulting Group, a adoção de tecnologias já existentes fará o segmento economizar US$ 1,2 trilhão nas fases de projeto e US$ 500 bilhões na fase de operações, em custos anuais para projetos não residenciais.

A tão falada transformação digital é determinada pela integração de tecnologias digitais em todas as áreas do negócio, mudando fundamentalmente a forma de operar e entregar valor aos clientes. A integração é que vai permitir que a construtora e todos os agentes envolvidos no processo consigam ter acesso aos dados de forma atualizada e em tempo real. Assim, é possível evitar falhas no processo, adaptar a jornada, sempre que preciso, e ter uma tomada de decisão mais ágil e eficiente. 

O Business Intelligence (BI) aplicado a construção civil entrega informações que vão proporcionar melhorias no gerenciamento, mapeamento, modelagem e automação dos processos, com isso é possível otimizar as tarefas, ter produtividade e reduzir os custos. 

O conceito exige que ferramentas tecnológicas sejam adotadas e inseridas no projeto para possibilitar a captura e a manutenção dos dados. Nesse sentido, a conectividade é fundamental para garantir que as informações vão transitar entre os sistemas. As informações podem ser capturadas em um sistema, mas serem utilizadas em outro recurso, por exemplo.

A ideia da integração e conectividade é, justamente, não limitar a captura e o uso das informações em um único recurso, mas sim permitir que diferentes áreas do projeto acessem os dados e consigam utilizá-los na melhoria de seus processos. 

Apesar de alguns dados mostrarem baixo desenvolvimento em relação à inovação na construção civil , sabe-se que pelo mundo, muitas obras se destacam por trazer características que inspiram grandes avanços e ditam novos rumos para o segmento como um todo. Além disso, muitos movimentos vêm acontecendo, eventos e hubs de inovação têm unido os agentes dessa transformação com bastante força nos últimos anos.

A inovação é um caminho sem volta não só pelo movimento das empresas de ponta, mas porque é uma premissa para melhoria dos resultados financeiros. O avanço das tecnologias desafiará as organizações na capacidade de pensar, produzir, tomar decisões e competir comercialmente. 

Com toda essa transformação tecnológica, as empresas precisarão se adaptar rapidamente e felizmente os resultados serão impactos financeiros, sociais e ambientais positivos.

Acompanhe as tendências sobre inovação na construção civil e novas metodologias e ferramentas digitais para o setor no blog da Prevision.